quinta-feira, 8 de julho de 2010

A nostalgia que acalma


Será que isso é a idade? De repente, não mais que de repente, eu me vejo a pessoa mais sentimental do mundo todo. E isso me dá um sentimento de grandeza tão grande. Eu chorei descontroladamente a tarde toda pensando na minha infância e na pessoa mais significatica pra mim nessa fase, e que com certeza, por mais que estejamos afastadas em presença, em todos os momentos bons, e em todos os ruins, eu penso nela. Esse post tem a possibilidade enorme de não ficar bom, eu tô escrevendo sem pensar, eu só quero eternizar aqui em palavras a falta que você me faz, irmã.

Eu lembro como se fosse hoje o dia em que eu fui embora de vez de perto de você. Eu era uma criança de nove anos que quase morreu de depressão e ciúme por um dia inteiro, na véspera da minha partida. Você, ao invés de ficar comigo, passou o dia todo na casa da sua amiga, com outras amigas, e nem fez questão de esconder de mim. E eu acabei estragando a surpresa de vocês, que na verdade se juntaram pra fazer um monte de cartõezinhos, cartinhas, bilhetes e outras coisas pra se despedir de mim. Eu dou risada quando lembro disso, mas não hoje. Hoje essa é uma lembrança triste. E eu, que nunca fui tão nostalgica até essa parte da minha vida, ainda guardo tudo o que vocês me deram aquele dia.

E desde então nossas despedidas tem doído tanto, minha irmã. A lembrança de você me abraçando no aeroporto, me dizendo o quanto ia sentir minha falta, chorando, e me fazendo chorar também não sai da minha cabeça. Quando eu tô perto de você eu sinto aqueles frios na barriga de felicidade que você só sente quando tá muito feliz, sabe? E quando a gente se separa, fica aquela coisa estranha, como se fôssemos irmãs siamesas que passaram por uma cirurgia e tivessem que aprender a conviver independentemente uma da outra.

Como esquecer também todas as nossas brigas tão importantes? Eu ficava puta porque nunca consegui ganhar de você em jogo nenhum em toda a minha vida. Eu ficava puta quando tava chovendo e você ia tomar banho de chuva. Minha mãe não deixava eu ir, e eu te pedia pra ficar, e você não ficava nem a pau. E eu ficava com aquela sensação de 'caralho, que falta de consideração. Ela preferiu ir tomar banho na chuva do que ficar brincando comigo.' Tá, agora eu ri por lembrar disso. E depois, quando ficamos maiores, passei a ficar puta por você sempre querer ser a dona de verdade e ter razão em tudo. Mas hoje, do mesmo jeito que eu admito nunca ganhei de você em nenhum jogo, eu percebo: sim, você sempre teve razão em tudo. E ainda assim, sempre ficou do meu lado. Sempre justa. Sempre forte. E apesar de termos apenas cerca de um ano de diferença, ah, como eu quero ser igual a você quando eu 'crescer'. Eu só disse isso uma vez na vida, e repito com você: te ter na minha vida é a maior prova que Deus existe. É tão lindo saber que eu te conheço desde que era um bebê. Tudo que vivemos jamais se apaga da minha memória, mesmo com o tempo passando tão veloz. Até das nossas discussões eu lembro com carinho. Lembro de quando minha avó ficou uma fera porque eu não queria mais estudar no colégio particular, só pra estudar com você. E depois vieram as nossas peças de teatro juntas e um monte de coisa legal que vivi contigo nessa época. Se eu for falar de tudo que eu tenho vontade agora, nem você aguentaria ler. Quem sabe um livro futuramente?

Como disse Chico Xavier em um de seus textos, se eu morrer antes de você eu não vou estranhar o céu, porque ser sua irmã, já é um pedaço dele. As coisas realmente seriam mais fáceis pra mim se eu tivesse você por perto. Se as pessoas só pudessem ver o que eu sinto por você há vinte anos, todas iriam acreditar em amor eterno. Independente do laço de sangue que nos une, um laço invisívei maior faz dessa nossa relação a perfeição em si. Você é o meu maior referencial. Não preciso nem dizer que eu admiro você absurdamente.

Eu te amo, minha prima-irmã. Irmã. E seria até redundante dizer que é pra sempre.